A Rússia vai começar a tomar medidas para readmitir as importações de produtos de carne suína que não estão incluídos na sua lista de sanções do ano passado de seis países da União Europeia, de acordo com relatórios da mídia russa.
O retorno de produtos de carne suína de alguns países da UE pode impactar na participação do Brasil naquele mercado, que se tornou líder para a carne suína brasileira em 2014.
O acordo foi feito entre a agência veterinária da Rússia, o Rosselkhoznadzor, e o chefe da Direção-Geral da Saúde e da Segurança Alimentar da Comissão Europeia, na recente "Semana Verde" internacional em Berlim, Alemanha.
A Rússia baniu todas as exportações de produtos de carne suína da UE com a imposição de restrições veterinárias no início de 2014, após o relato de uma série de casos de peste suína africana na Polônia e nos países bálticos.
O Rosselkhoznadzor está começando a criar um cronograma de inspeções para os produtores e processadores de carne na França, Hungria, Itália, Alemanha, Dinamarca e Holanda, o que poderia reiniciar as vendas para a Rússia este ano, após o fim das restrições por conta da peste suína africana, disse Sergei Dankvert, chefe da agência russa.
Só os produtores de carne suína com o mais alto nível de proteção biológica, conhecido como quarto compartimento, serão autorizados a vender produtos à base de carne para a Rússia, destacou Dankvert.
As expectativas são de que a Rússia não levante seu embargo à produção e aos alimentos agrícolas da UE como um todo. Para os seis países citados pelo Rosselkhoznadzor, a Rússia só estaria considerando produtos de carne suína que não se enquadram no âmbito do seu embargo, que incluem gordura, banha e miudezas.
Em 2014, o Brasil exportou 186,5 mil toneladas de carne suína para Rússia, desempenho 38,3% superior ao de 2013. A receita dos embarques para o destino quase dobrou no período, chegando a 96,8% de elevação, com US$ 810,5 milhões.
"O cenário político no Leste Europeu foi determinante para o saldo do setor em 2014. Esperamos que os níveis se mantenham durante este ano, mesmo com a situação econômica enfrentada hoje pela Rússia", disse Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de Suínos na Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em comunicado no início de janeiro.
CarneTec Brasil / Bob Moser